A Polícia Civil de Campinas iniciou uma investigação após a descoberta de uma recém-nascida morta dentro de uma lixeira em um condomínio localizado no Jardim Paulicéia, no dia 1° de abril.
Sinval Serafim de Campos Pereira, um catador de recicláveis de 57 anos, encontrou o corpo da criança por volta das 19h35min, o qual estava envolto em dois sacos plásticos pretos, com o cordão umbilical e sangue visíveis, além de uma sacola plástica de mercado cobrindo a cabeça do bebê.
Ao identificar que se tratava de um corpo, o homem pediu ajuda na portaria do condomínio, onde uma equipe de resgate do Corpo de Bombeiros estava presente, atendendo a uma jovem com hemorragia. Dois bombeiros foram junto do homem até a lixeira e tentaram reanimar a recém-nascida, porém não obtiveram sucesso. A criança estava completamente formada, com entre 40 e 45 centímetros de comprimento.
A jovem que estava sendo atendida pelos bombeiros, uma adolescente de 17 anos residente em uma das torres do condomínio, é a mãe da criança. Ela afirmou que não sabia da gravidez, alegando ter sido vítima de estupro.
Ela foi apreendida por ato infracional de infanticídio, enquanto a mãe dela, a avó do bebê, de 41 anos, foi presa em flagrante por corrupção de menor e ocultação de cadáver. As envolvidas no caso não tiveram as suas identidades reveladas.
De acordo com o depoimento da mãe da adolescente, a jovem teria sofrido um aborto espontâneo após ter sido vítima de estupro na escola. Segundo a mulher, tanto ela quanto a filha não tinham conhecimento da gravidez, descobrindo o fato quando a jovem começou a se queixar de fortes dores abdominais.
A advogada das suspeitas alegou que a mulher chegou em casa do trabalho e encontrou a adolescente sofrendo de fortes dores abdominais. Após ter ficado sozinha no banheiro por aproximadamente 10 minutos, a jovem teria chamado pela mãe, que viu o bebê dentro do vaso sanitário, sem vida.
Desesperada, a mulher envolveu o corpo da criança em três sacos plásticos e entregou à filha caçula, de 9 anos, para que ela colocasse o saco no lixo do condomínio. “Minha cliente chegou a dar Buscopan para a filha, achando ser cólica. A filha menstruava todo mês e, por ser gordinha, ninguém percebeu que ela estava grávida, nem amigos e nem a família”, afirmou a advogada.
A perícia técnica compareceu ao local a fim de realizar todos os procedimentos necessários. No dia 02 de abril, o Tribunal de Justiça (TJ-SP) concedeu liberdade provisória à avó da recém-nascida encontrada morta. Contudo, a decisão estabeleceu medidas cautelares, incluindo a obrigação de comparecer a todos os atos do processo e a restrição de frequência em locais “de reputação duvidosa”.
A adolescente foi socorrida e encaminhada ao Hospital Maternidade de Campinas, onde permanece internada sob custódia policial e sem previsão de alta médica. O caso segue em investigação pela Polícia Civil.
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Por Mai Moreira
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