Após duas mulheres denunciarem que foram vítimas de estupro dentro da boate Portal Club, situada na rua do Lavradio, no Rio de Janeiro, o estabelecimento foi interditado pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) da cidade, na noite do dia 04 de abril.
A casa de shows é vizinha de três delegacias, estando a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) a apenas 600 metros de distância. Conforme consta nos depoimentos das vítimas, elas pediram ajuda aos funcionários da boate, porém os seguranças tentaram convencê-las a não procurar a polícia.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o local estava com a situação irregular, visto que não possuía o Certificado de Vistoria Anual (CVA), o qual garante a segurança contra incêndio e pânico.
De acordo com a Seop, a medida foi tomada a fim de preservar a segurança e a ordem pública. O local deverá ficar inativo até o encerramento das investigações pela polícia. Foi realizada uma perícia no local, e os agentes informaram possuir pistas sobre um dos suspeitos.
Os proprietários da boate entregaram as imagens das câmeras de segurança às autoridades, que irão analisar todo o material. Os responsáveis pelo estabelecimento, por meio de nota, disseram que repudiam os crimes e a violência contra as mulheres e que estão comprometidos com a investigação.
Uma das vítimas é uma universitária estrangeira, de 25 anos, que não teve a sua identidade revelada. Ela alega ter sofrido um estupro coletivo no dia 31 de março, após ter sido levada por um rapaz que conheceu no local ao darkroom, espaço da boate que fica praticamente sem luz.
A vítima, que deixou o Brasil após o ocorrido, relatou que foi levada ao local sem saber, achando que iria a outra pista de dança. Dentro do espaço, ela foi violentada por mais de um homem, chegando a perder a consciência durante o abuso.
Em uma carta divulgada, a jovem diz: “Não sei se haverá justiça ou não. Espero que a minha história ajude outras mulheres que passaram pela mesma coisa a serem encorajadas a falar, que saibam que não estão sozinhas”.
Após a denúncia feita pela estrangeira, outra vítima denunciou ter sido violentada na mesma boate, em novembro de 2023. Segundo o seu depoimento, ela estava em um show de pagode que era open-bar. Ela teria bebido de forma controlada, mas em determinado momento se sentiu zonza e perdeu a consciência.
Ao acordar, ela estava em um quarto escuro e não se lembrava de nada; havia um homem à sua frente e outro, sem calças, ao seu lado. “Quando eu fui urinar, saíram algumas coisas pelas minhas partes, um líquido pelas minhas partes. Só que, assim que eu saí, veio uma funcionária e perguntou: ‘Você sabe onde você estava?’. Não, não sei. ‘Você estava num darkroom’. Mas eu nunca entraria no darkroom”, conta a vítima.
O caso segue em investigação.
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Por Mai Moreira
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