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imagem ilustra o suspeito

Depois que Neil Foden, um ex-diretor escolar de 66 anos, foi condenado no País de Gales por abusar sexualmente de quatro meninas, uma reportagem publicada pela BBC Wales, no dia 07 de outubro, revelou que o número de vítimas dele pode ser quatro vezes maior.

Foden foi professor, vice-diretor e diretor de escolas secundárias desde, pelo menos, a década de 1970. Os crimes que levaram à condenação foram cometidos entre 2019 e 2023.

A primeira denúncia foi feita em setembro de 2023, por uma vítima identificada como Criança A. Ela mostrou mensagens trocadas com o diretor, nas quais o adulto fazia menções a atos sexuais. Além disso, ela também apresentou uma foto com o homem, dentro do veículo dele.

Segundo a vítima, Foden a levava de carro para locais remotos e, então, praticava os abusos sexuais, pedindo a ela que não contasse para ninguém sobre o suposto relacionamento entre eles.

Com a repercussão da denúncia feita pela Criança A, outras três meninas procuraram a polícia para relatar crimes semelhantes cometidos pelo homem.

Uma delas, apelidada de Criança E, denunciou abusos sofridos em 2019. Segundo ela, além dos crimes sexuais, o diretor a levava para eventos, inclusive hospedando-se com ela em quartos de hotel.

A partir disso, as autoridades identificaram que, na época, diversas pessoas expressaram preocupação com a relação entre o diretor e a Criança E, chegando até a relatar a situação para o então chefe de educação da região, Garem Jackson. Essas denúncias, porém, não avançaram, e dois anos depois Foden foi promovido para o cargo de superdiretor de outra instituição.

O homem foi condenado em julho de 2024 a 17 anos de prisão, por um total de 16 crimes cometidos contra as quatro vítimas. Com a repercussão da condenação, a BBC Wales reuniu o relato de pelo menos outras duas mulheres que foram abusadas por Foden quando eram menores de idade.

Uma delas, apelidada de Jo, contou que foi aliciada durante 5 anos, e só percebeu a natureza disso quando soube da prisão do homem. Além de abusos físicos cometidos em encontros diários no escritório do diretor, dentro da escola, a mulher revelou assédios praticados por e-mail, com cerca de 500 mensagens deixadas pelo homem na sua caixa postal.

Outra vítima, apelidada de Nia, relatou ter vivido a mesma situação com Foden, mas em 1979, quando ele era vice-diretor da escola e ela tinha 13 anos. Nia contou que os abusos eram praticados dentro da sala de aula, e disse que não denunciou na época por pensar que não acreditariam nela. Porém, quando soube da prisão de Foden, também procurou a polícia.

Segundo informações repassadas pelas autoridades para Jo, mais de 20 meninas foram abusadas por Foden, e os crimes foram praticados entre, pelo menos, 1979 e 2023, isto é, durante mais de quarenta anos.

Jemma Jones, a detetive que investigou as primeiras denúncias, relatou que o homem se aproximava de crianças descritas como vulneráveis. Algumas estavam incluídas em programas de assistência, outras sofriam de depressão e outros transtornos mentais. Assim, o homem arranjava “sessões individuais” para supostamente ajudar essas meninas, usando essas ocasiões e o seu poder nas instituições para cometer os crimes.

Com a repercussão do caso, o conselho regional de Gwynedd, área da escola onde ocorreram os crimes mais recentes, informou que irá instaurar uma revisão interna para evitar que situações como essa voltem a acontecer.

Apesar disso, o conselho tem sido muito criticado pela sua conduta, visto que desde 2019 já haviam denúncias sobre o caso, e nada foi feito até então. Após o julgamento de Foden, o presidente e o vice-diretor do conselho deixaram o cargo, assim como o fez Garem Jackson, chefe de educação.

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Por Isabel Bergamin Neves
Contato: maimoreira@newsic.com.br

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