O julgamento de Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, de 28 anos, e Bruna Nathiele Porto da Rosa, de 26 anos, acusadas pelo assassinato de Miguel dos Santos Rodrigues, de 7 anos, em julho de 2021, foi iniciado no dia 04 de abril. Yasmin, mãe da vítima, chorou durante o interrogatório, afirmando ser um monstro.
O choro aconteceu quando ela relembrou o momento em que viu o filho desfalecido. “Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que ela pudesse fazer isso”, disse a ré.
A acusada respondeu apenas às perguntas feitas pela sua defesa, não atendendo ao juiz e ao Ministério Público. A madrasta da criança, Bruna, respondeu às perguntas de todas as partes, menos as da defesa de Yasmin. Durante o seu interrogatório, ela disse: “Eu tenho a ver com a tortura e a ocultação, a morte não”.
Além das acusadas, o júri ouviu testemunhas, como os policiais militares que realizaram o atendimento da ocorrência, o delegado responsável pela investigação do caso e as proprietárias dos imóveis onde as acusadas e a vítima moraram.
O delegado Antônio Ractz, investigador do caso, contou ao júri ter descoberto cadernos de caligrafia na residência das acusadas, nos quais a vítima era obrigada a escrever: “Eu sou idiota”, “Eu não mereço a mãe que tenho”, “Eu sou ruim”.
“Foi a pessoa mais fria que já vi na minha vida. A ausência total de sentimentos. Ela preocupada com a temperatura do ar-condicionado, e eu queria saber da criança”, disse Antônio.
Ícaro Ben-Hur Pereira, o policial militar que colheu a confissão da mãe do menino, afirmou que ela disse ter dado remédio psiquiátrico misturado a um caldo de feijão para a criança.
O crime aconteceu na madrugada do dia 28 de julho de 2021, quando Yasmin deu os remédios a Miguel, colocou o corpo dele dentro de uma mala e o jogou em um rio da cidade de Imbé, no Rio Grande do Sul, onde moravam. O corpo da criança nunca foi encontrado.
Na época das investigações, a mãe alegou não ter certeza se o filho estava vivo ou morto quando foi colocado na mala e jogado no rio. De acordo com as apurações, foi identificado que o menino era frequentemente torturado física e psicologicamente.
Depois que o júri ouviu os depoimentos das rés e das testemunhas, o julgamento entrará na fase de argumentação de defesa e acusação, que deve ocorrer no dia 05 de abril. Em seguida, o conselho de sentença, formado por sete jurados, definirá se as mulheres serão inocentadas ou condenadas.
Elas respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver, com qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ambas estão presas preventivamente desde a época dos fatos. Yasmin foi detida no dia 29 de julho de 2021, e Bruna, em 1° de agosto de 2021.
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Por Mai Moreira
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