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imagem ilustra vítima

No dia 05 de setembro, a francesa Gisèle Pélicot, de 72 anos, depôs no tribunal que julga os crimes cometidos contra ela. A idosa passou quase dez anos sendo dopada pelo marido e oferecida para ser estuprada por homens desconhecidos.

O caso foi descoberto em 2020, por acaso, depois que o marido dela, Dominique Pélicot, de 71 anos, foi preso por filmar debaixo da saia de mulheres, em um estabelecimento comercial. Quando as autoridades investigaram o computador dele, encontraram cerca de quatro mil registros de Gisèle, inconsciente, sendo abusada por diversos homens.

A vítima e o abusador foram casados por cerca de 50 anos, e os crimes ocorreram entre 2011 e 2020. O homem dopava a esposa colocando comprimidos ansiolíticos em suas refeições e, então, recebia os estupradores no apartamento do casal, localizado em Mazan, no sul da França. No espaço de um ano, Dominique chegou a comprar 450 pílulas de remédio.

Apura-se que Gisèle sofreu ao menos 92 estupros, cometidos por cerca de 72 homens. Alguns criminosos foram ao local apenas uma vez, enquanto outros retornaram até seis vezes para praticar os abusos. Os suspeitos eram contatados por Dominique por meio de um fórum on-line, dentro de um site de relacionamentos, sem que nada fosse cobrado em troca. 

O marido da vítima mantinha em seu computador fotografias, dados pessoais e informações de contato dos estupradores. Com isso, a polícia pôde identificar a maioria deles. Do total de criminosos, 51 já foram reconhecidos formalmente e enfrentam acusações, incluindo Dominique. As condenações podem chegar até 20 anos de prisão.

O perfil dos estupradores é variado, tendo em comum apenas o fato de serem homens. Na época dos crimes, tinham idades entre 21 e 68 anos. Entre eles, há bombeiros, jornalistas, eletricistas, enfermeiros e outros de diferentes ramos. Ainda, há casados, solteiros e divorciados.

Gisèle soube dos crimes aos 68 anos, quando policiais mostraram a ela as cenas dos abusos sofridos. Inicialmente, ela não se reconheceu nas imagens, tamanho choque. Em seu depoimento no tribunal, disse: “Meu mundo está desmoronando, tudo está desmoronando. Tivemos três filhos lindos, sete netos, pensei que éramos um casal muito unido”.

No computador de Dominique, também foram encontradas fotos de sua própria filha, Caroline Darian, nua. Quando o juiz revelou essa informação, a jovem teve que ser escoltada para fora da audiência. Além dela, o suspeito também guardava imagens semelhantes das esposas de seus dois filhos.

Embora tenha admitido os crimes, Dominique disse, por meio de sua advogada, que está “pronto para enfrentar sua esposa e sua família”.

O julgamento ocorre em Avignon, no sudeste da França, e deve durar até dezembro deste ano. Inicialmente o Ministério Público e parte da defesa pediram que o tribunal fosse realizado a portas fechadas, mas Giséle rejeitou a ideia, tornando o processo público. 

Ela disse que negou o anonimato para devolver a vergonha para os réus, afirmando que está falando por todas as mulheres que foram drogadas sem saber, para que nenhuma delas tenha que sofrer.

Na manhã do dia 09 de setembro, o advogado das partes civis confirmou à imprensa que o matrimônio de 51 anos entre a vítima e o acusado foi oficialmente encerrado. O rompimento foi registrado no dia 22 de agosto. Embora a família tenha sido informada sobre a conclusão do divórcio em 02 de setembro, primeiro dia do julgamento, a divulgação pública do término do casamento ocorreu agora.

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Por Isabel Bergamin Neves
Contato: maimoreira@newsic.com.br

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