Líder quilombola é assassinada com tiros no rosto

Imagem ilustra Mãe Bernadete, líder quilombola assassinada em sua casa na presença dos netos.

Por Mai Moreira

Bernadete Pacífico, líder quilombola e ialorixá de 72 anos, foi assassinada com 12 tiros no rosto enquanto assistia televisão em sua casa com seus três netos e mais uma outra criança. O crime aconteceu na noite do dia 17, em Simões Filho, na Bahia.

De acordo com o filho da vítima, Jurandir Wellington dos Santos, dois homens usando capacetes invadiram o terreiro do quilombo, trancaram as crianças no quarto e executaram Bernadete. 

Casa de Mãe Bernadete. Foto: EBC

Wellington relata que a mãe estava no programa de proteção à testemunha desde 2017, quando seu filho Fábio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, também foi assassinado. Bernadete denunciava há anos as ameaças e perseguições aos quilombolas. 

Bernadete, também conhecida como Mãe Bernadete, era matriarca do quilombo Pitanga dos Palmares e ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. O quilombo comandado por ela é formado por cerca de 290 famílias e 120 agricultores, que produzem e comercializam farinha para vatapá, além de frutas e verduras. 

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que, após o conhecimento do crime, as polícias Militar, Civil e Técnica iniciaram imediatamente as diligências e a perícia no local a fim de identificar os autores do crime. 

Quando questionado sobre o mandante do crime, o filho de Bernadete responde: “Especulação imobiliária, grilagem de terra, política, grandes empreendimentos, tudo isso aí”. 

Já para Denildo Rodrigues, coordenador da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), o assassinato de Bernadete está relacionado à execução de seu filho Binho, caso cujo inquérito corre em segredo de Justiça na Polícia Federal.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, informa que no momento ainda existem várias linhas de investigação e nada foi descartado, visto que as autoridades não sabem qual atuação de Mãe Bernadete incitou o crime. A conotação de racismo religioso também está sendo investigada como motivação do crime. 

Heloísa Brito, delegada-geral da Polícia Civil, está comandando pessoalmente as equipes de investigação do crime.

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