No dia 07 de outubro, a 8ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal divulgou o desfecho do caso do menino João Miguel, uma criança de 10 anos que, depois de passar cerca de duas semanas desaparecida, foi encontrada morta em uma vala, no dia 13 de setembro. (Relembre o caso)
A vítima desapareceu na noite do dia 30 de agosto, depois de supostamente sair de bicicleta para comprar um salgadinho no mercado local, conforme costumava fazer. O cadáver foi encontrado com as mãos amarradas, com um tecido no pescoço e enrolado em um cobertor, dentro de uma vala em uma área de mata, a cerca de 5 km do Setor de Chácaras Lúcio Costa, onde o menino morava com a tia.
Inicialmente, a polícia acreditava que o crime pudesse ter sido motivado por vingança, visto que tanto o pai quanto a mãe de João Miguel estão presos – o pai por ter atirado no cunhado, e a mãe por ter ligações com o PCC. Porém, com o avanço das investigações, essa hipótese foi descartada.
Quando o corpo do menino foi encontrado, a Polícia Civil informou que, pelo estado de decomposição, a morte teria ocorrido cerca de 10 dias após o desaparecimento. Assim, a polícia trabalhou com a hipótese de que ele teria sido mantido em cativeiro.
Porém, com laudos especializados, constatou-se que a morte aconteceu no mesmo dia do desaparecimento, em 30 de agosto. Segundo Bruna Eiras, delegada à frente do caso, a confusão aconteceu por conta de um estado de mumificação provocado no cadáver, pelo fato de ter sido enrolado em tecido e por conta das condições climáticas do local.
A chave para a solução do caso surgiu no dia 27 de setembro, quando um vizinho do garoto, um carroceiro de 19 anos, identificado como Jackson Nunes de Souza, foi preso, considerado suspeito pelo crime.
A partir disso, a namorada desse jovem, uma adolescente de 16 anos, confessou que o assassinato de João Miguel havia sido cometido por ela, junto com um irmão de Jackson, também de 16 anos. A garota disse que seu namorado e um outro irmão dele, de 13 anos, posteriormente ajudaram na ocultação do cadáver.
Segundo a delegada, descobriu-se que João Miguel costumava frequentar a casa dos suspeitos para vender itens encontrados no lixo. Segundo ela, a motivação do crime seria uma inimizade que os vizinhos estabeleceram com o menino, por conta de uma série de furtos que ele estaria cometendo quando ia à casa em questão, além de uma ocasião em que ele soltou e perdeu um cavalo de Jackson e da namorada, gerando a eles um prejuízo de R$ 2,5 mil.
Assim, conforme o relato da adolescente, no dia 30 de agosto, ela estava com o irmão de 16 anos de Jackson na casa, quando João Miguel apareceu para vender um cigarro eletrônico que havia encontrado.
A menina, então, convidou o garoto para fumar narguilé, e se aproveitou da distração dele para asfixiá-lo por trás, usando uma corda, enquanto o outro adolescente desferiu socos no rosto da vítima e tapou a sua boca com um vestido.
Com a chegada de Jackson e seu irmão mais novo à casa, os quatro amarraram o corpo de João Miguel e o descartaram no local onde foi encontrado.
Embora os menores de idade ainda não tenham sido apreendidos, visto que o Ministério Público solicitou mais diligências, eles devem responder por atos infracionais análogos aos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Jackson, por sua vez, sendo maior de idade, está preso preventivamente e deve enfrentar acusações de ocultação de cadáver e corrupção de menores.
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Por Isabel Bergamin Neves
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