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Valdemir Hoeckler, de 52 anos, era motorista de caminhão e estava desaparecido desde o dia 15 de novembro de 2022. O boletim de ocorrência sobre o desaparecimento de Hoeckler foi registrado por sua esposa, após um colega estranhar a falta do homem no trabalho. Desde então, as autoridades buscavam pela vítima. Valdemir foi morto no dia 14 de novembro de 2022. No dia 19 de novembro, o corpo do homem foi encontrado dentro de um freezer na casa em que ele morava com a mulher, em Lacerdópolis, no oeste catarinense. A professora Claudia Tavares Hoeckler, companheira da vítima, matou e congelou o marido.

Ela teria agido sozinha e foi presa temporariamente na tarde do dia 21 de novembro, após se apresentar na delegacia de Joaçaba, na cidade catarinense. A mulher confessou o homicídio e alegou anos de violência doméstica, o que teria motivado o crime contra o marido.

“Eu pensei: ‘já que alguém vai morrer, então que seja você.”, disse Claudia em depoimento.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com as investigações, Claudia deu detalhes do crime e revelou que, após ministrar medicamentos para que a vítima dormisse, ela o imobilizou, amarrando seus pés e braços com cordas, colocou uma câmara de pneu no pescoço e o asfixiou com um saco plástico. Valdemir tentou reagir, mas não conseguiu se desvencilhar. Ela matou e congelou o marido por volta das 23 horas, do dia 14 de novembro de 2022. 

O delegado do caso comentou que Claudia lidou com gado de leite, antes de começar a trabalhar como pedagoga, e sabia como imobilizar uma vaca. Amarrou o marido sabendo o que estava fazendo e, também, com a noção de que caso ele reagisse, ela seria morta.

Foto “UOL”

MOTIVAÇÃO

Em depoimento, a professora disse ao delegado que queria sair com as colegas de trabalho para uma confraternização de fim de ano em Abdon Batista, na Serra catarinense. Mas informou ter sido proibida pelo marido, o que teria gerado um surto nela capaz de ter coragem de tirar a vida do companheiro. Assim, ela matou e congelou o marido. Também alegou ter sido ameaçada de morte por ele, antes de decidir agir. 

MEDIDA PROTETIVA

De acordo com a Polícia Civil, Claudia havia registrado um boletim de ocorrência contra o marido em 2019. Na ocasião, relatou ter sido agredida pelo marido, com quem tem uma filha de 22 anos, e pediu medida protetiva.

Segundo o delegado Gilmar Antônio Bonamigo, o casal “se reconciliou” após a ocorrência e não houve novas denúncias.

CORPO ENCONTRADO

Claudia disse à Polícia Civil ter tido dificuldade para esconder o corpo. “Ela não sabia o que fazer com o corpo e tomou a decisão de colocá-lo no freezer”, contou o delegado Gilmar Antônio Bonamigo. 

Em uma primeira tentativa, disse ter usado um cobertor embaixo do corpo para levantá-lo, mas não conseguiu. Ela disse, em depoimento à polícia, ter usado uma cadeira e, até mesmo a máquina de lavar, como apoio para erguer o corpo e colocar no freezer. 

“Depois disso, ela fez o que deveria fazer, como se fosse seguir a vida normalmente. E partiu para aquele encontro que iria fazer com as professoras”, disse o delegado.

O corpo da vítima foi encontrado dentro do eletrodoméstico (freezer) embaixo de refrigerantes que chegaram a ser oferecidos aos bombeiros durante buscas na casa.

LESÕES NO CORPO DA MULHER

Três dias após comunicar o sumiço do marido, na sexta-feira, 18 de novembro do ano passado, Claudia foi à delegacia prestar depoimento. Na ocasião, não era considerada suspeita, mas, sim, testemunha de um caso de desaparecimento.

Durante o depoimento, os investigadores perceberam ferimentos pelo corpo dela, que, segundo a Polícia Civil, decorreram “possivelmente de uma luta corporal”.

No mesmo dia, a mulher havia concordado em fazer exame de corpo de delito e liberar a casa para que fosse feita a perícia. Após sair da delegacia, no entanto, ela não foi mais localizada.

POSIÇÃO DA DEFESA

“Ela era uma mulher maltratada física e psicologicamente. Por vezes, até violentada de forma sexual. E que para preservar a própria vida, matou. Hoje ela está se entregando à polícia e possivelmente vai ser presa. Mas ela deixa bem claro: nunca se sentiu tão livre”, afirmou o advogado Marco Alencar, no dia em que Cláudia se entregou.

Por Leo Soares

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