Por Mai Moreira
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A Polícia Civil prendeu seis líderes religiosos, três homens e uma mulher, suspeitos de envolvimento na morte de Zilda Correa Bitencourt, de 57 anos, durante um ritual religioso realizado no cemitério da comunidade de Colônia Antão Faria, na cidade de Formigueiro, no estado do Rio Grande do Sul, no dia 09 de fevereiro.
Segundo a investigação, a vítima procurou ajuda religiosa porque acreditava sofrer há mais de 20 anos com duas entidades que incorporavam em seu corpo. O marido e o filho da vítima acompanharam o ritual e, apesar de não serem tratados como cúmplices, terão suas condutas apuradas pela investigação.
De acordo com os depoimentos dos dois parentes da vítima, durante o ritual a mulher foi agredida fisicamente com socos, tapas e pisões na cabeça, golpeada com varas verdes em diversas partes do corpo e teve sua cabeça lançada várias vezes contra o solo, além de ter sido amarrada em uma cruz de concreto.
O filho da vítima alegou que, após as agressões, os líderes religiosos amarraram a mulher e determinaram que, se ela ficasse na cruz por 20 minutos, estaria curada. Porém, após este tempo, o marido e o filho de Zilda teriam constatado que ela estava morta.
O marido e o filho de Zilda disseram que os envolvidos no ritual alegaram que as agressões faziam parte do procedimento para retirar a entidade maligna do corpo da vítima e as marcas desapareceriam assim que o ato terminasse. Eles dizem ter acreditado, inclusive, que as agressões seriam contra o espírito e não contra a mulher.
Ela foi levada desacordada ao hospital pelos parentes, e, no local, o médico de plantão confirmou o óbito. Foram identificadas pela equipe médica as marcas de violência física. A polícia aguarda o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) para esclarecer a causa da morte.
A vítima era moradora de Restinga Seca, município a cerca de 30 quilômetros de Formigueiro. A família teria viajado até a cidade para que Zilda participasse da sessão.
Até o momento, a polícia divulgou apenas os seguintes nomes dos suspeitos detidos: Nayana Rodrigues Brum, de 33 anos; Larry Chaves Brum, de 23 anos; Jubal dos Santos Brum, de 67 anos; e Francisco Guedes, de 65 anos. O caso está sendo investigado como homicídio doloso qualificado, considerando-se tortura com resultado de morte.
A defesa de Jubal e de seus filhos, Nayana e Larry, declarou por meio de nota: “Reiteramos, de forma inabalável, o compromisso de nossos clientes em colaborar plenamente com as autoridades judiciárias. Estamos unidas em prol da transparência e imparcialidade do processo legal, na busca incansável pela verdade e pela justiça”.