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Imagem ilustra a vítima

No dia 14 de outubro, na cidade de Salisbury, na Inglaterra, ocorreu a primeira audiência pública para tratar da morte de Dawn Sturgess, uma mulher britânica de 44 anos que morreu depois de passar um perfume contendo o agente nervoso Novichok, uma mistura química usada como arma de guerra na era soviética.

Dawn morreu no dia 08 de julho de 2018, nove dias depois de ser encontrada inconsciente junto de seu namorado, Charlie Rowley, na casa dele, em Salisbury. O namorado de Dawn sobreviveu, e, inicialmente, a polícia registrou que os dois haviam sofrido overdose por uso de drogas, baseando-se no fato de que o homem era usuário.

Porém, depois de apurações mais atentas, encontrou-se na casa de Charlie um frasco de perfume que Dawn havia recolhido do lixo anteriormente, o qual continha a arma química. No primeiro dia da audiência, Andrew O’Connor, advogado no inquérito, informou que a quantidade de Novichok presente no frasco seria suficiente para matar milhares de pessoas.

A partir disso, o caso foi ligado a um incidente ocorrido em 04 de março de 2018, meses antes do envenenamento de Dawn. Sergei Skripal, um ex-militar russo que havia agido como espião para a Inglaterra, e a filha dele, Yulia Skripal, foram contaminados por Novichok, colocado na maçaneta da casa deles, em Salisbury. Os dois precisaram ser hospitalizados, mas sobreviveram.

Sergei havia sido preso na Rússia em 2006, acusado de ser espião para o serviço de inteligência britânico. Em 2010, em um acordo governamental, ele foi libertado e pôde se estabelecer no Reino Unido. Sua filha chegou a Salisbury um dia antes de eles serem envenenados.

As autoridades inglesas culpam dois agentes de segurança russos pelo ataque, os quais teriam entrado no país com passaportes falsos. Putin, presidente da Rússia, negou envolvimento, mesmo tendo jurado vingança contra Sergei. Posteriormente, os dois agentes apareceram na televisão russa, alegando que teriam visitado Salisbury para ver a catedral da cidade.

Com isso, acredita-se que o frasco de perfume encontrado por Dawn tenha sido usado no envenenamento de Sergei e, posteriormente, descartado no lixo.

A primeira audiência sobre a morte da mulher contou com um depoimento do ex-militar, o qual foi dado por escrito, para preservar a segurança dele e de sua filha. Sergei disse acreditar que Putin está por trás do seu envenenamento.

Na abertura do inquérito, a família de Dawn também responsabilizou Putin pelo ocorrido, convocando o presidente a apresentar evidências e olhar os parentes enlutados nos olhos.

Além de investigar os responsáveis pela morte de Dawn e apurar as circunstâncias que levaram ao envenenamento, o inquérito deve apontar as falhas cometidas pelo governo inglês nas ações tomadas após o ataque a Sergei, visto que isso foi crucial para a morte da mulher.

Apesar dos cortes diplomáticos com a Rússia, dos pedidos de prisão para os agentes envolvidos e das convocações para que autoridades russas prestem depoimento, Theresa May, primeira-ministra da Inglaterra na época do ocorrido, afirmou que é improvável que haja justiça para as pessoas afetadas.

Dawn era mãe de três filhos e, na abertura do inquérito, foi descrita como uma vítima inocente no fogo cruzado de uma tentativa de assassinato ilegal e ultrajante. As audiências públicas irão durar até o dia 18 de outubro, e o relatório final do caso é esperado para 2025.

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Por Isabel Bergamin Neves
Contato: maimoreira@newsic.com.br

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