Resgatada de Situação Análoga à Escravidão Após 30 anos

No dia 15 de junho, em Teresina, no Piauí, foi resgatava uma mulher, de 44 anos, vítima de escravidão moderna por mais de 30 anos. A mulher, abandonou o estado do Maranhão aos 14 anos, após a perda da mãe, e foi entregue pelo pai a uma família, com a promessa de que começaria a estudar quando chegasse ao Piauí.

Durante 4 anos, sem que a promessa de iniciar os estudos fosse cumprida, ela trabalhou como doméstica na casa de uma mulher. Repassada como mercadoria para a nora dessa mulher, durante 27 anos ela desempenhou a função de doméstica, até ser resgatada.

Edno Moura, procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, afirmou que a vítima chegava a receber quantias que variavam entre R$ 200 e R$ 300 certos meses, mas que, na maior parte do tempo, ela trabalhava sem receber qualquer tipo de remuneração.

A rotina era exaustiva. Ela cuidava dos filhos da patroa, dos animais domésticos, da limpeza da casa e da comida.

Além do trabalho, ela não tinha convivência com a família, tendo perdido o contato com o pai assim que chegou no Piauí e tendo visitado as irmãs, moradoras de Arame no Maranhão, apenas três vezes. O convívio social também era limitado, com a vítima saindo somente para ir à igreja ou para comercializar produtos artesanais confeccionados pela patroa.

As condições de habitação também eram deploráveis. No quarto que habitava, havia somente uma cama. Seus pertences estavam distribuídos entre uma caixa, uma mala e a casa do cachorro.

Apesar de matriculada no 3º ano do ensino médio, a vítima não tinha condições de estudar devido a jornada exaustiva de trabalho.

Mesmo com a exploração, a vítima não tinha o discernimento de estar vivendo em uma situação análoga à escravidão.

Por Jorge Alves

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