Por Cláudia Nakazato
Contato – claudia@newsic.com.br
Com 47 mil assassinatos em um ano, o Brasil está no topo do ranking mundial de homicídios em números absolutos, segundo dados do Estudo Global Sobre Homicídios 2023. O estudo foi divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), na sexta-feira, 08 de dezembro.
Os dados são referentes ao ano de 2021, quando o número total de homicídios registrados ao redor do mundo foi 458 mil. Desse montante, 10,4% ocorreram no Brasil. No caso do número de mortes per capita, o país teve 22,38 homicídios a cada 100 mil habitantes, sendo a média global 5,8 a cada 100 mil habitantes.
Apesar de o relatório elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) ter como base o ano de 2021, nem todos os Estados forneceram os dados necessários para o estudo. Dessa forma, o ano referente ao número de assassinatos é especificado para cada país.
Ranking mundial de homicídios:
1º Brasil: 47.722 (2020)
2º Nigéria: 44.200 (2019)
3º Índia: 41.330 (2021)
4º México: 35.700 (2021)
5º África do Sul: 24.865 (2021)
6º Estados Unidos: 22.941 (2021)
7º Myanmar: 15.299 (2021)
8º Colômbia: 14.159 (2021)
9º Rússia: 9.866 (2021)
10º Paquistão: 9.207 (2021)
Taxa de mulheres mortas por familiares ou parceiros íntimos é alta
As mulheres representam 19% das vítimas de homicídio, segundo relatório divulgado pela ONU. O estudo também apontou que os assassinatos de pessoas do sexo feminino têm maior probabilidade de serem causados por familiares ou parceiros íntimos.
Os homicídios domésticos correspondem a 54% do total de assassinatos. Dessas mortes, 66% foram causadas por um parceiro íntimo, e em 15% dos casos, isto é, 71.600 ocorrências, as vítimas eram crianças.
Os crimes intencionais de defensores de direitos humanos e do meio ambiente, líderes comunitários, jornalistas e trabalhadores humanitários representam 9% do montante.
O relatório também aponta que, a nível mundial, 40% dos homicídios foram cometidos com uso de armas de fogo, e 22% com objetos cortantes. Se considerarmos apenas os dados das Américas, 75% dos crimes foram cometidos com uso de arma de fogo; na Europa e na Ásia, o percentual é de 17% e 18%, respectivamente.
Motivação dos crimes
O estudo da ONU aponta que os registros de 2021 ficaram acima da média de 440 mil homicídios ocorridos nos três anos anteriores. A motivação das ocorrências se deve, em parte, às consequências econômicas impulsionadas pela Covid-19, além do aumento do crime organizado e da violência nos países.
O número de atos violentos relacionados a gangues e a movimentos sociopolíticos corresponde a 22% no mundo e a 50% nas Américas. Segundo Ghada Waly, diretora executiva do UNODC, reduzir a violência é uma obrigação coletiva:
“Todos os anos, testemunhamos a perda de milhares de vidas por homicídio, um lembrete sombrio de nosso fracasso coletivo em cumprir a promessa dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de reduzir significativamente todas as formas de violência até 2030”, disse Waly.
A diretora executiva reflete, ainda, que os diversos fatores que impulsionam as mortes por homicídio no mundo, como a violência de gênero, o crime organizado, a pobreza e a desigualdade social, mostram que não há abordagem única para todos os casos:
“Espero que esse novo Estudo Global ajude a informar políticas baseadas em evidências e respostas preventivas para abordar as causas fundamentais dessa violência e salvar vidas”, finalizou.