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Imagem ilustra a capa do livro: O dilema das crianças de vermelho.

Por Profa. Dra. Denise Gimenez Ramos

Constantemente, a mídia revela a chocante notícia de mais uma criança vítima de abuso sexual. Os números revelam a espantosa incidência nacional deste crime, ocorrido, na maioria das vezes, no local  que deveria ser de proteção e segurança. 

Estupro e violência contra menores são assuntos que preferimos evitar. Ao tomar conhecimento de casos desta natureza, ficamos impotentes, e, atônitos, desviamos nosso olhar perante a dolorosa realidade de um crime sem palavras.

O fato é estarrecedor e perguntamos o que leva um homem a cometer tal crime.

De imediato, pensamos que só pode ser uma pessoa com algum transtorno, um deficiente mental, “um louco”, pois este é um ato, para a grande maioria de nós, inconcebível. Quem o comete, só poderia estar num estado alterado de consciência. E quando acaba em assassinato? Seria possível alguma explicação racional para tamanha atrocidade? Contra uma criança que estava por perto brincando e, seduzida ou forçada, acaba violentada, por vezes, morta?

O julgamento do perpetrador levanta invariavelmente a questão se o criminoso estaria ciente de seus atos,  se teria tido um comportamento involuntário, compulsivo, levado por pulsões incontroláveis e abaixo de sua consciência. Quando tomou a decisão de cometer o crime, sabia o que estava fazendo? Teve alguma empatia com o sofrimento da vitima?

Estas questões agitam e perturbam a sociedade. Psicólogos, advogados, procuradores, juízes e peritos debatem a sanidade do criminoso e a tomada de decisão de usar um menor como objeto de prazer. Alguns levantam a hipótese que estas atitudes estariam baseadas em processos perversos de socialização, onde o perpetrador também teria sido vítima de violência doméstica e abuso na infantil. Para outros, este comportamento seria influenciado por processos  patológicos de socialização, experiências familiares negativas ou abuso de álcool e drogas.

Esta questão tão debatida, até então, não tinha uma resposta clara, definida, que possibilitaria entendermos a dinâmica psicológica do perpetrador e com isso tomarmos medidas preventivas e saneadoras.

Mas, agora, com sua tese defendida e aplaudida, prof. Dr. Christian Costa corajosamente adentra a mente destes criminosos e investiga de modo inédito e com metodologia científica a dinâmica psicológica que leva a tal crime.

Imagem ilustra o autor do livro.
O prof. Dr. Christian Costa lança livro focado em desvendar a dinâmica psicológica de criminosos. Foto: Medialand

Examina aqui as possíveis psicopatologias que justificariam tal ato. Acalmariam elas nossa angústia, justificariam este ato hediondo?

Perito experiente, depois de muitos exames e laudos, o autor vai mais longe. Não se satisfazendo com uma rápida resposta, aprofunda sua investigação com uma pesquisa inédita: vai a penitenciária examinar detentos que cometeram estes tipo de crime. 

De imediato vem a pergunta: o que leva um homem a seduzir,  agredir e violentar uma criança, um menor vulnerável. Com suas pesquisas, ideias correntes vão sendo postas a prova e derrubadas.  

Ao investigar os fatores envolvidos na tomada de decisão, o autor revela um processo complexo, mas passível de compreensão numa dinâmica psicológica. 

Está aí o grande mérito deste livro.

Certamente um marco na área, os achados aqui revelados são um contribuição inestimável não só para a ciência psicológica, mas também para a sociedade como um todo. Certamente, policiais, procuradores, advogados, juízes e profissionais da área da saúde agora têm dados que podem nortear seus laudos e pareceres técnicos.

Deste modo, com sua investigação científica, dr. Christian nos fornece elementos para fundamentar nossas análises, caminhar na direção da prevenção do crime e, assim, viver numa sociedade mais promissora e saudável. A ele, nosso agradecimento.

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