Francisco Josenildo Marreira da Silva Tigre, hoje com 48 anos, foi sequestrado quando tinha 11 anos de idade. O menino saiu de Rio Branco, no Norte do país, onde a família morava, e foi levado para Florianópolis, na região Sul. Depois de passar 34 anos longe da família biológica, conseguiu voltar para casa e se reencontrar com a mãe, Iraci Feitosa da Silva, de 67 anos, que nunca perdeu as esperanças de ver o filho novamente.
Tudo começou quando, em 1983, o pai de Josenildo foi assassinado, despertando um desejo de vingança no garoto. Quando ele completou 11 anos, uma mulher desconhecida se aproximou dele, alegando conhecer a sua história e ter informações sobre o homem que havia cometido o crime.
Assim, movido pela chance de vingar a morte do pai, Josenildo acompanhou a mulher, que o levou para Florianópolis. Porém, imediatamente após chegarem à cidade, ela abandonou o menino e desapareceu, nunca mais sendo encontrada. A partir de então, Josenildo, com apenas 11 anos, começou uma longa empreitada para tentar voltar para casa.
Com caronas e viagens que fez escondido em caminhões, o garoto passou por diversas cidades do país, indo do Mato Grosso a Rondônia, até chegar ao Acre. No estado natal, Josenildo foi adotado por duas famílias, às quais não se adaptou.
Em determinado momento, foi recebido por Sebastião e Zinha Tigre, casal que o adotou formalmente, o registrou no cartório e o criou até a idade adulta. Com os traumas que havia sofrido, Josenildo praticamente não se lembrava da família biológica. Apesar disso, durante a adolescência, Zinha frequentemente o incentivava a recordar sua história, trabalhando para que ele superasse os bloqueios psicológicos e pudesse recuperar a identidade perdida.
Depois que a mãe adotiva faleceu, na década de 1990, Josenildo desistiu de tentar voltar para a família biológica. Até que, anos depois, quando já havia levado a vida adiante, estando casado e com quatro filhos, sonhou que Zinha lhe dizia o nome de sua mãe e pedia que ele buscasse pela mulher. Quando acordou, Josenildo recordou-se da casa no Rio Branco, onde a família morava, e retomou a empreitada de retorno.
Foi então que, em 2014, enquanto Josenildo sondava a região da casa, foi visto e reconhecido pela tia, que promoveu o reencontro com a mãe biológica. Quando Iraci viu seu filho, precisou ser hospitalizada, tamanha emoção que sofreu.
Hoje, com a tranquilidade de ter a família reunida, ela afirma que nunca desistiu de recuperar Josenildo, pois seu coração dizia que ele estava vivo e que ela iria vê-lo de novo, nem que fosse a última coisa que ela fizesse na vida.
Josenildo, por sua vez, busca se adaptar à identidade recuperada e retomar as relações que tinha na infância, se reaproximando dos seis irmãos, os quais ficou tanto tempo sem ver. “É como se estivesse dentro de uma prisão e de repente ganhasse liberdade”, relata.
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Por Isabel Bergamin Neves
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