Ramon de Souza Pereira, de 30 anos, foi preso no dia 23 de maio. Ele matou as filhas, uma de 4 e outra de 8 anos, a facadas, e depois ateou fogo no carro onde elas estavam. Ele, que trabalha como motorista de aplicativo, queria se vingar de uma suposta traição da esposa, Dayane Faria.
O crime ocorreu na segunda-feira, 22 de maio, em Santo Antônio de Goiás, na região metropolitana de Goiânia. Segundo a Guarda Civil Municipal, o homem tentou suicídio antes de ser encontrado.
Ramon teria flagrado a traição da mulher com um pastor, após seguir o localizador do carro da mulher. Ela relatou ter sido agredida com socos e chutes, após o marido quebrar o vidro do carro.
No dia seguinte ao crime, o fazendeiro, Edmir Batista, encontrou o veículo queimado e chamou a Polícia Militar. Com a ajuda de cães farejadores e um drone, Ramon foi encontrado por volta das 20h, em um lago próximo ao local do crime, e foi autuado em flagrante, por homicídio.
O delegado, Marcus Cardoso, afirmou que o suspeito havia tentado cometer suicídio, pois havia um corte em seu pescoço. Ramon tinha ferimentos na garganta e no abdômen e foi encaminhado para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz, onde passou por uma cirurgia.
Na tarde do dia 25, o Instituto Médico Legal liberou os corpos das meninas. A expectativa era de que a perícia fosse concluída na sexta, mas a equipe fez uma força-tarefa para que o processo fosse concluído o quanto antes possível.
No mesmo dia, ainda internado, Ramon passou por audiência de custódia e a juíza que cuida do caso converteu a prisão do suspeito em preventiva.
O primeiro laudo concluído foi o de DNA forense, que confirmou a identidade dos corpos das vítimas, sendo o de Cecília, de quatro anos, e o de Mirielly, de oito. Segundo o IML, outros laudos ainda estão em andamento, que são o da análise do local do crime e o que trata da causa da morte das crianças.
Traição da esposa
No dia do crime, Ramon teria seguido o localizador do carro da esposa e, chegando ao local onde ela estava, flagrou a traição da mulher com um pastor. Segundo Dayane Farias, ao chegar ao local, o homem quebrou o vidro de seu carro e, depois, a agrediu com socos e chutes.
O exame de corpo de delito constatou as agressões na mulher. Já o suposto amante fugiu de moto para outra região.
A Polícia Civil informou que, com a confusão, Ramon perdeu a chave de seu carro e, por isso, saiu com o veículo da mulher. Por volta de 17h45, ele buscou as crianças na escola e fez uma ligação para os avós maternos das meninas, antecipando que cometeria o crime para se vingar da mulher. Depois, ele matou as filhas.
Ligação aos avós das vítimas
Antes de cometer o crime, o acusado, que estava com as duas filhas, fez uma ligação para os avós das crianças. Ele antecipou aos sogros que mataria as meninas por conta de uma suposta traição da esposa com um pastor.
Desesperados, os avós tentaram convencê-lo a não matar as netas, mas o homem estava decidido. De acordo com o áudio, o avô implora ao genro para que ele não cometesse o crime e dizia, ainda, amar as crianças.
– Não faz isso, pelo amor de Deus. Eu amo estas meninas – pede o avô.
No registro da ligação também é possível ouvir as meninas, filhas de Ramon, pedindo para que não sejam mortas. Uma delas pedia permissão para ir ao banheiro urinar, mas foi impedida pelo pai.
Acusado vai para a UTI em estado grave
Após ser encontrado pelos policiais, em 23 de maio, Ramon de Souza Pereira deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Urgências de Goiás, em Goiânia, em estado grave. Por lá, ele passou por um procedimento cirúrgico nos ferimentos que teve na garganta e no abdômen.
De acordo com o delegado Marcus Cardoso, o homem recebeu alta na manhã do dia 26 e foi transferido para a enfermaria carcerária. O advogado do suspeito adiantou que, caso Ramon preste depoimento, iria orientá-lo a ficar em silêncio.
Após apresentar melhora no quadro de saúde de Ramon, o delegado Marcus Cardoso foi até o hospital onde o suspeito está internado para interrogá-lo, porém, o Ramon não confessou que matou as filhas.
Por Cláudia Nakazato