Por Mai Moreira
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Kássia da Silva, de 26 anos e grávida de três meses, denunciou à Polícia Civil a patroa, Cibele Aspasias, após sofrer racismo e agressão física. O caso aconteceu no dia 23 de novembro, no bairro nobre Piedade, na cidade de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. Um vídeo sobre o crime viralizou na internet.
Em depoimento, Kássia contou que é auxiliar de dentista, porém trabalha como diarista para sustentar a casa. Ela teria combinado o serviço de diarista com Cibele por meio de um aplicativo, pelo qual receberia R$ 150 por dia.
Entretanto, Cibele teria feito a proposta de que Kássia dormisse no local por R$ 1,5 mil por mês. Kássia teria uma hora de almoço e não poderia se alimentar fora desse período. A jovem relatou que não aguentava, pois só podia se alimentar a partir das 11h. Além disso, a filha de 2 anos da vítima a acompanhava ao trabalho, visto que não tinha com quem ficar.
Segundo a diarista, um dia ela perguntou à patroa se teria algo para comer, e a mulher lhe ofereceu pão mofado. Kássia trabalhava das 5h às 21h30min, e o combinado de ela ser responsável apenas pela limpeza do local não foi cumprido, já que ela também precisava cuidar dos dois filhos de Cibele.
Por estar grávida, a vítima decidiu deixar o emprego após quatro dias. Ela limpou o local e avisou à patroa que não iria continuar com o serviço. Quando foi avisada, a mulher se exaltou e ameaçou a vítima.
Cibele teria ofendido a vítima, chamando-a de “negra macaca” e dizendo que “gente da cor dela não sabia fazer nada e que não presta para nada”. Kássia chamou a polícia e, nesse momento, a agressora retirou o telefone de sua mão, dizendo que ela iria se arrepender de denunciar. A vítima só conseguiu recuperar o telefone e filmar as agressões porque o pai da suspeita interviu.
No vídeo feito pela vítima, é possível ver o momento em que Cibele dá um tapa na mulher, que segura a filha de 2 anos no colo. A suspeita ainda se recusou a pagar o valor combinado pelo serviço: de acordo com a diarista, ela recebeu apenas R$ 25.
O caso foi registrado na Delegacia de Piedade e, segundo a advogada Bianca Carvalho, da defesa de Kássia, além dos crimes de racismo e lesão corporal, também será iniciada uma ação por danos morais na Justiça do Trabalho.
A Polícia Civil informou que um inquérito policial foi instaurado e está sob a coordenação do delegado titular, Samuel Basílio.