Por Mai Moreira
No dia 10 de agosto, Vitória Romana Graça, uma professora de 26 anos, saiu da casa de sua mãe por volta das 21h para encontrar a sua ex-sogra, mãe de uma menina de 14 anos, e nunca mais foi vista. Vitória foi sequestrada e queimada ainda viva, morrendo por aspiração de fuligem, segundo o laudo do Instituto Médico-Legal (IML).
O reconhecimento de seu corpo só foi possível graças a uma de suas digitais que não foi completamente destruída pelo fogo. O corpo foi encontrado por volta das 8h na Praça Damasco, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio de Janeiro. No local, foram encontrados tecidos e ferragens, o que levou a polícia a acreditar que a vítima foi colocada em uma mala, na qual os criminosos atearam fogo.
Segundo depoimentos prestados à polícia por funcionários da Escola Municipal Oscar Thompson, em Santíssimo, na qual Vitória era professora contratada, Paula Custódio Vasconcelos, mãe da adolecente com a qual a professora se relacionava, apareceu na escola junto de seu irmão, Edson Alves Viana Junior, dizendo que a filha não havia aceitado bem o fim do relacionamento e gostaria de conversar com Vitória fora do local de trabalho.
Segundo a adolescente, ela e Vitória se conheceram pelo Instagram e ficaram juntas por quatro meses. Em depoimento, um colega da professora contou que Vitória havia decidido se afastar da menina, pois acreditava que Paula estava se aproveitando financeiramente do namoro.
O último contato de Vitória com sua mãe foi na madrugada do dia do seu desaparecimento. A mãe afirma que a vítima, com voz de choro, disse ter sido sequestrada e que ela deveria pagar R$ 2 mil aos criminosos. Ao tentar falar com a filha novamente, em uma das ligações ela foi atendida por um homem e uma mulher que cobravam o dinheiro. Quatro transferências via Pix foram feitas da conta de Vitória para a conta de Edson.
No dia 12 de agosto, Paula Custódio Vasconcelos, de 33 anos, e sua filha, de 14 anos, foram detidas por policiais civis da 35ª DP (Campo Grande) pelo sequestro e assassinato da professora. A menina alega não ter participado do crime e que na noite do desaparecimento havia tomado remédio e só acordou horas mais tarde. Ao dar falta de Paula, a menina perguntou ao seu irmão de 16 anos a respeito do paradeiro da mãe, e ele informou que ela teria ido à Mercearia Rosa, local para o qual foi identificada uma transferência via Pix da conta bancária da família da vítima.
Paula Custódio Vasconcelos possuía três registros em sua folha de antecedentes criminais e um mandado de prisão em aberto por roubo qualificado. No dia 13 de agosto, mesmo dia em que a professora foi sepultada, a prisão de Paula foi convertida em preventiva.
A adolescente, ex-namorada de Vitória, foi encaminhada para uma instituição correcional.
A Polícia Civil ainda investiga o assassinato de Vitória, pois, apesar de se tratar de um caso de sequestro mediante extorsão, a motivação do crime ainda é desconhecida.