Redes sociais: as novas contas do Instagram para adolescentes não resolvem os reais problemas de saúde mental e segurança online

Recentemente, a Meta anunciou novas medidas de segurança para os adolescentes que utilizam o Instagram. De acordo com a empresa, o objetivo das mudanças é proporcionar maior proteção aos jovens e tranquilidade para os pais. No entanto, um exame mais atento dessas propostas revela que as redes sociais continuam sendo prejudiciais para menores de 16 anos, e as novas medidas não atacam os problemas mais profundos.

O uso de redes sociais está diretamente associado ao aumento de problemas de saúde mental entre adolescentes. Estudos recentes mostram que o tempo excessivo gasto em plataformas como Instagram contribui para a elevação dos níveis de ansiedade, depressão e baixa autoestima entre os jovens. Segundo uma pesquisa do DataFolha, 85% das pessoas acreditam que redes como Instagram são prejudiciais para crianças e adolescentes. Apesar disso, as plataformas continuam a atrair milhões de jovens sem oferecer mecanismos eficazes de controle e verificação.

A Meta sugere que suas novas políticas incluem uma série de proteções, como maior controle parental e limites para o conteúdo visualizado por adolescentes. No entanto, essas propostas ignoram um problema central: muitos jovens há muito tempo burlam os controles existentes, se passando por adultos para escapar da supervisão parental. Esses “nativos digitais” frequentemente dominam a tecnologia muito mais do que seus pais, que muitas vezes são analfabetos digitais. Isso cria uma disparidade de poder, onde os jovens conseguem contornar restrições com facilidade, enquanto os pais lutam para entender como monitorar o que seus filhos fazem online.

Um dos grandes obstáculos para a proteção real dos jovens online é a incapacidade de verificar de maneira segura a idade dos usuários. Enquanto não houver uma maneira eficaz de garantir que adolescentes e crianças não mintam sobre sua idade, qualquer proposta de segurança se torna ineficaz. A Meta, ao introduzir ferramentas de controle parental e ajustes para contas de adolescentes, negligencia a necessidade de uma verificação de identidade mais robusta. Isso permite que jovens menores de idade continuem a acessar conteúdos que podem ser prejudiciais, mesmo com as novas restrições.

Além disso, a Meta ainda age de forma irresponsável ao negar que tem um papel fundamental na moderação de conteúdo abusivo. A empresa afirma que está comprometida em proteger os usuários mais jovens, mas o histórico mostra o contrário. Casos de bullying, assédio e exposição a conteúdo nocivo continuam a proliferar, com pouca ou nenhuma responsabilização por parte da plataforma. Sem uma colaboração direta com as autoridades policiais e uma postura firme em relação ao banimento de conteúdo abusivo, as tentativas de proteger os jovens no Instagram são vazias e ineficazes.

O próprio relatório da DataFolha indica que a maioria das pessoas (73%) acredita que empresas de tecnologia devem ser responsabilizadas quando o uso de suas plataformas prejudica crianças e adolescentes. Esse sentimento reflete a crescente desconfiança pública em relação ao compromisso dessas corporações com a segurança dos usuários mais vulneráveis.

As redes sociais como Instagram são impulsionadas por um único objetivo: o lucro bilionário. Essas plataformas, sob o comando de gigantes como a Meta, nunca estiveram genuinamente preocupadas com o bem-estar de seus usuários, especialmente os mais jovens. O crescimento desenfreado dessas empresas depende do tempo de tela dos adolescentes e da venda de dados de comportamento, ignorando os impactos negativos sobre a saúde mental de uma geração inteira. A pesquisa do DataFolha já demonstrou que a maioria da população acredita que o Instagram e outras redes sociais são prejudiciais para crianças, corroborando a visão de que essas plataformas priorizam o lucro em detrimento da segurança dos menores.

A Austrália está à frente ao reconhecer o perigo que as redes sociais representam para os jovens e propõe uma legislação para proibir o acesso de crianças a essas plataformas. O governo australiano está considerando um limite de idade de 16 anos para o uso de redes sociais e promete implementar a medida até o final de 2024, reforçando que “algo precisa ser feito” para proteger a saúde mental e física dos jovens. Essas ações demonstram uma preocupação real com os impactos sociais, algo que as empresas de tecnologia evitam, enquanto continuam lucrando com a vulnerabilidade dos seus usuários mais jovens.

A Meta pode estar tentando acalmar os pais com suas novas iniciativas, mas a realidade é que essas medidas são insuficientes para enfrentar os desafios de saúde mental e segurança digital enfrentados pelos jovens. Enquanto o controle de identidade não for tratado com seriedade e as plataformas não assumirem um papel ativo no combate ao conteúdo nocivo, as redes sociais continuarão a representar um risco significativo para os adolescentes.

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