O Twin Flames Universe, liderado por Jeff e Shaleia Ayan, se apresenta como uma organização espiritual voltada para ajudar as pessoas a encontrarem suas “chamas gêmeas”, mas na realidade, o grupo utiliza técnicas de **manipulação emocional** e **exploração financeira** para controlar e enganar seus seguidores. O perigo dessa seita vai muito além de promessas vazias de amor eterno. Ela induz comportamentos obsessivos, como perseguição (stalking), e explora vulnerabilidades emocionais de pessoas que estão em momentos frágeis de suas vidas. Enquanto tentam se alinhar a uma suposta “missão espiritual”, essas pessoas acabam presas em um ciclo de controle psicológico e perda financeira.
Jeff e Shaleia se destacam por serem figuras caricatas, quase cômicas em suas aparições públicas. Jeff, com suas declarações desconexas e autoproclamação como “Cristo Mestre”, beira o absurdo. Suas falas soam mais como devaneios de um bobo da corte medieval tentando impressionar o público com conceitos espirituais que ele claramente improvisa à medida que avança. Shaleia, por outro lado, reforça esse cenário com sua estética exagerada e maquiagem muitas vezes desastrosa, apresentando-se como uma figura quase de fantasia, com falas que ecoam clichês de autoajuda espiritual. A junção desses dois personagens transforma o Twin Flames Universe em um espetáculo de ridículo, mas o impacto nas vítimas é dolorosamente real.
A seita, que opera quase exclusivamente no ambiente digital, aproveita-se da vulnerabilidade emocional de seus seguidores para vender uma solução espiritual que nunca se concretiza. Jeff e Shaleia construíram um império financeiro baseado em **cursos caros** que prometem ajudar as pessoas a alcançar a união com suas “chamas gêmeas”. Essa prática, além de ser um golpe emocional, explora financeiramente indivíduos que acabam se endividando na esperança de resolver seus problemas amorosos. O que é ainda mais alarmante é a maneira como o grupo incentiva comportamentos perigosos, como o stalking, instruindo os membros a não desistirem de suas “chamas gêmeas”, independentemente dos desejos ou recusas da outra pessoa.
A vulnerabilidade das vítimas é o ponto de entrada perfeito para seitas como o Twin Flames Universe. As pessoas que caem nesse tipo de armadilha não são necessariamente ingênuas ou sem educação; muitas vezes, elas estão passando por momentos difíceis em suas vidas e se sentem emocionalmente esgotadas. A busca por respostas rápidas e a promessa de soluções espirituais para problemas pessoais complexos as torna alvos fáceis. Jeff e Shaleia sabem disso e utilizam esse momento de fragilidade para aprofundar o controle sobre os seguidores, transformando a busca por amor em um mecanismo de exploração.
O Twin Flames Universe é especialmente perigoso por operar dentro do sistema de coaching, um formato que muitas vezes não está sujeito a regulamentações rigorosas. Esse tipo de abordagem permite que Jeff e Shaleia manipulem emocionalmente seus seguidores sob o disfarce de desenvolvimento pessoal, e o impacto é ainda mais alarmante quando consideramos que cerca de 80% dos seguidores são mulheres. Muitas delas são incentivadas a buscar relações obsessivas e, em alguns casos, a alterar suas identidades de gênero para se encaixar nos conceitos de “Divino Masculino” e “Divino Feminino”. A manipulação atinge níveis profundamente problemáticos quando o grupo começa a envolver membros da comunidade LGBTQIA+, que já enfrentam vulnerabilidades sociais e emocionais. O Twin Flames Universe não só explora essa comunidade, mas também a distorce, usando a fluidez de gênero e orientação sexual como um mecanismo de controle e coerção.
A promessa de uma “chama gêmea predestinada” é vendida como uma solução para questões de identidade e relacionamento, mas o que ocorre na prática é uma violenta indução de mudanças de gênero para alinhar com as visões espirituais de Jeff e Shaleia. Esse tipo de manipulação não apenas desrespeita a autonomia dos indivíduos, mas também promove abuso emocional e psicológico, ao forçar mudanças em algo tão íntimo quanto a identidade de gênero para se adequar à doutrina da seita. A forma como eles manipulam o grupo LGBTQIA+ é particularmente criminosa, pois se apropriam de questões delicadas e complexas relacionadas à identidade, transformando-as em ferramentas de controle, alienação e lucro.
Para proteger as pessoas desse tipo de manipulação, é essencial educar o público sobre as táticas de controle emocional que essas seitas utilizam. Promessas de soluções fáceis e rápidas para problemas emocionais complexos, especialmente quando associadas a altos custos financeiros, são grandes sinais de alerta. Também é necessário que autoridades e plataformas digitais reforcem a fiscalização sobre esses grupos que operam online, oferecendo orientações e sistemas de denúncia para proteger indivíduos vulneráveis. O apoio de jornalistas investigativos, como Alice Hines e Sarah Berman, que trouxeram à tona as práticas abusivas do Twin Flames Universe, é vital para expor e desmantelar grupos que prosperam à custa de suas vítimas.
O Twin Flames Universe, apesar de seu aspecto quase cômico com seus líderes absurdamente caricatos, é uma seita perigosa. Jeff e Shaleia utilizam suas personalidades excêntricas para enganar e controlar emocionalmente seus seguidores, lucrando com o desespero daqueles que buscam uma solução espiritual para seus problemas amorosos. É crucial que continuemos a expor essas práticas e a proteger as pessoas contra essa exploração emocional e financeira disfarçada de jornada espiritual.
Carla Albuquerque
