No dia 25 de setembro, depois de 12 anos de processo, Rosália Pita, acusada de assassinar o ex-namorado, foi absolvida pelo Tribunal do Júri de Valença, na Bahia. Na defesa dela estava Camila Pita, sua filha, que se tornou advogada para provar a inocência da mãe.
O caso aconteceu em 2012, quando Camila tinha apenas 14 anos. Rosália foi acusada de ir até a casa do ex-namorado e atirar contra o peito dele, enquanto o homem estava no banco do motorista do próprio carro. Segundo a promotoria, o crime teria sido motivado pelo fato de a ré não aceitar o fim do relacionamento.
Rosália não chegou a ser presa, tendo respondido aos 12 anos de processo em liberdade. Segundo Camila, esse tempo foi suficiente para que ela pudesse terminar a escola, cursar a faculdade de Direito e ser aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ela conta que a ação penal movida contra a mãe foi o que a motivou a se tornar advogada.
No início do tribunal, na manhã do dia 24 de setembro, a promotora Rita de Cássia Cavalcanti pediu a retirada da filha da ré do banco de defesa. O juiz, porém, negou o pedido, dada a situação regular de Camila como advogada habilitada.
Além dela, a defesa foi composta por Fabiano Pimentel, Luiz Augusto Coutinho, Everardo Lima Ramos Júnior, Catharina Fernandez, Thamires Santos e Bernardo Lins.
Enquanto a acusação defendeu a tese de homicídio, a defesa trabalhou com a ideia de que o ex-namorado de Rosália teria tirado a própria vida.
A promotoria argumentou que não havia sido detectada pólvora nas mãos do acusado, e também questionou o depoimento da ré, que havia relatado que o homem, depois de atirar em si mesmo, saiu do carro e trocou algumas palavras com ela, antes de morrer. A equipe acusou Rosália de fraude processual, alegando que ela teria posicionado o corpo do homem no chão, para dar respaldo ao seu depoimento.
A defesa desbancou a ausência de pólvora nas mãos do homem ao afirmar que o exame residuográfico não é conclusivo, argumentando que ele só seria inquestionável se houvesse outras provas, o que não foi o caso.
Além disso, a equipe mostrou um vídeo que evidencia um homem atirando contra si mesmo, na altura do peito, e permanecendo em pé por 25 segundos, antes de morrer, atestando a veracidade do depoimento da ré.
Por fim, os advogados reafirmaram a versão apresentada por Rosália desde o início do processo, de que o casal havia terminado por iniciativa dela, duas semanas antes do ocorrido. Segundo a mulher, no dia dos fatos o homem insistiu para que ela fosse até a casa dele, e então ele cometeu o ato.
Os jurados aceitaram a tese da defesa e absolveram Rosália tanto da acusação do homicídio quanto da fraude processual, não reconhecendo a materialidade de nenhum dos crimes.
Camila comemorou a decisão, dizendo que a sua missão principal como advogada foi cumprida. Segundo ela, a população de Valença comemorou junto, tendo acompanhado o plenário e aplaudido a decisão.
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Por Isabel Bergamin Neves
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